"Meu medo"
Tenho medo
de amanhã não dar mais tempo
Do dia acabar mais cedo
e a noite não chegar
Tenho medo de não deixar dito
O que no meus olhos está explícito
Porém nunca cheguei a falar
Pois o tempo nos toma de assalto
Sem perceber o deixamos passar
Dizer que o amor é bendito
De compaixão infinito
Dos que querem com o outro compartilhar
Que as bênçãos são infindas
com quem ama e se deixa amar
E sendo o amor verdadeiro
Nem o tempo irá dissipar
Tenho medo
De não ter dito Te Amo
Enquanto o tempo deixei passar.
( Telma Soares )
" Quando não mais..."
Quando meus olhos não mais se abrirem
Lembra de mim.
Quando por fim de tudo souberes
lembra de mim
Esconde-te em um canto, e chore um pouquinho
Mas somente um pouquinho, para ninguém lhe ver
Então, lembra de mim
Do toque de minhas mãos
Do meu olhar sobre ti
do som da minha voz, do meu riso
do meu cheiro, do meu perfume, da música que cantarolava
Lembre-se de minha declaração de amor por ti
Mesmo quando nada dizia
Dos brindes erguidos em sua companhia
Lembre-se do brilho de meus olhos
Quando todo meu amor a ti oferecia
Depois de lembrares de mim
Guarda no teu intimo mais secreto,
e faço-lhe um último pedido
Depois que tu de mim se lembrares
Por favor!
Volte a sorrir.
( Telma Soares )
" Alguém que passou."
Ele passou por aqui
Passou trazendo em sua mochila, suas verdades e suas mentiras
Quem o vir, não saberá distinguir, o que é verdadeiro e o que é falso
Mente suas verdades, ilude-se com suas mentiras
Quando ele ,por ai passar, procure acreditar mais nas mentiras
Não se deixe enganar, com suas verdades
Quando ele, por ai passar e lhe demonstrar frieza...
Deixe-o ir.
( Telma Soares )
“Sem sentido”
Se acaso encontrar o amor
Diga-lhe, que por causa dele tenho penado
Tenho o peito dilacerado, por fazer-me apaixonar
Se acaso encontrar o amor, não lhe de tanta atenção,
Pois, ele por nós não tem respeito
Sempre arruma um pretexto, pra nos desviar da direção.
O amor é bicho entendido, nos tira todo sentido,
Faz com que percamos a razão.
Quando estamos totalmente envolvidos, sopra em nossos ouvidos
“ Te afasta “ levando toda nossa motivação.
Se acaso encontrar o amor...
Ah ! não diga nada
De nada adiantaria,
Pois, dia após dia, o amor de nós não sairia
Seria mesmo um pecado esquecer tanto amor.
( Telma Soares )
"Oco Eco”
Tantos lugares vazios na casa
Sofás, cadeiras
Um vaso no canto da sala, quadros nas paredes
Quartos com camas arrumadas
Cômodos que fazem eco, oco eco
Tudo clama por jovens conversando, cantando
O som de um violão
Tudo clama por vida
O chuveiro não faz barulho, nada no fogão esquentando
O cão, da escada observa o portão
esperando ouvir o barulho de um skate, uma moto...
Esperando pela menina chamar por seu nome
Abrir-lhe os braços.
Aqui...
Tudo se faz silêncio
Um silêncio ensurdecedor!
( Telma Soares )
" Meu Haiti "
Ah se eu pudesse!
Se o dom da magia eu tivesse
Em sol me transformaria
Não permitiria, meu Haiti submergir
Essa chuva que não passa
Embora a terra peça, é necessário nutrir.
Haiti sem sol desanima, é como verso sem rima
em uma folha qualquer.
Haiti espera pelo dono do tempo,
até que chegue o momento
De novamente florir.
( Telma Soares )
“EM NADA MALDITO”
Porque maldizes o amor?
Acaso nunca te sentiu feliz ao lado de outro alguém?
O amor nada de maldito tem
Maldiz aquele que não sabe o que é querer bem.
O amor é tão imenso, cabe a tudo e a todos
Depende do olhar que se tem.
Cabe ao sol que nos aquece
Na chuva fria que cai
Cabe as aves que voam
Aos bichos terrestres também.
O amor cabe no olhar da criança
Cabe no olhar do ancião, que na velhice
Nada mais tem.
O amor cabe no gesto, no falar com ternura
Cabe numa xícara de café, onde se esquece amarguras
O amor em nada é maldito, maldito quem o desdém.
Depositando sua felicidade nos ombros de outro alguém.
O ser feliz é contigo.
Amar é o que lhe convém.
(Telma Soares)
“SE UM DIA POETA.”
Se um dia eu for poeta
Poetizarei sobre meus amores, minhas dores,
Meus dissabores e sobre tudo, ou quase tudo
Que vi e vivi.
Um dia poetizarei meus maiores bens.
Poetizarei Juan, meu Jacarandá mimoso
Meu Pé de Um Que, um que de tudo que é bom.
Poetizarei sobre Matheus, que é meigo e formoso
Tal qual um IPÊ
Que nele seus filhos possam se espelhar.
Poetizarei sobre minha menina
Minha Pitangueira Frondosa
No inicio um tanto azedinha
Depois é pura doçura, em tudo quanto há.
Quero poder poetizar meus irmãos
Heranças, por herança deixada
Preciso saber preservar.
Poetizarei sobre minha infância, peraltices,
Pai e mãe...
Tive um lar.
Dos que foram chegando com o tempo
E o mesmo tempo foi levando também
Um dia poetizarei os meus netos
Ou, meus filhos poetizarão por mim.
Se um dia eu for poeta
Poetizarei sobre tudo que fez e que ainda
Faz-me tão bem.
(Telma Soares)
"TUA ROSA"
Não esqueças que por ti apaixono-me.
Se rega-me como regas uma rosa
com carinho e atenção
Esqueço-me que sou rosa flor
torno-me mulher, esquecendo a razão.
Entrego-me aos teus desejos
Aceito ser regada por teus beijos
e nos tornarmos um só.
Mas, se te fazes ausente
Vou contando o tempo
Aguardando o momento
De encontra-lo novamente então...
Fico desejando ...
Que teu olhar de mim não se aparta
Que outra rosa não queira afagar
A ti somente, meu perfume prometo
E, se comigo ficas, também prometo ficar
E serei somente tua rosa.
( Telma Soares )
"QUEM DERA"
Quem dera em outras vidas
minha vida tivesse encontrado com a tua.
Quem dera tivéssemos morado na mesma rua
frequentado a mesma escola, bailes, grupos de amigos.
Teria eu da vida ganho um presente...
Juntar minha vida com a tua,
em meio a tantos encontros de vidas,
passou por nós somente uma lua
de tão intenso
hoje a saudade deixa-me nua.
( Telma Soares )
"INTUIÇÃO"
Sei que, em algum momento do dia,
Todos os dias, estás lá.
Ainda que não seja de corpo presente
Ainda que seja em mente, estás lá.
Passeias por corredores
inerte aprecias marcas de vinhos
Estacionas teu carro em um muro vizinho,
à sombra da arvore lhe afastando o calor.
Observas peles morenas
Respiras alfazema
Ouves em teu rádio " Mulheres de Atenas "
Perguntando-se...
Por onde andará, o que estará fazendo aquela mulher?
( Telma Soares )
"A Morte"
Venho morrendo já tem algum tempo
Não sei precisar o momento
Quando a morte iniciou.
Ela, vai se alastrando dia a dia
Escondendo minha alegria
Às vezes se misturando com a dor.
A morte não tem pressa
É feito erva daninha, aos poucos
Vai corroendo meu corpo.
Enquanto ela, em tudo não se alastra
Vou sentindo o frescor do vento
Observando as primeiras flores se abrindo
Enchendo o mundo de cor.
Vejo o verde ficando mais verde
Ipês florescendo o chão.
Coloco água para os Beija – flores
Queria sentir um na palma da mão!
Tenho olhado mais vezes nos olhos de minha geração.
Os grandes, os pequenos e de meu amado ancião.
Aos amigos tenho ofertado versos e flores
Aos inimigos imaginários, perdão.
Será que eles também me perdoarão?
Ela vem chegando...
Trazendo saudade do que fizemos então...
Pular a janela escondido
Um banho no rio,
O encontro em um baile
Um beijo roubado
Guardar segredo de irmão
Ela vem chegando...
Ela vem cantando...
Talvez hoje sim
Talvez hoje não.
( Telma Soares )
"POETA POR ACASO"
Sou Poeta do acaso
Que por acaso, atreveu-se falar de amor.
Amor de almas comprometidas
Enviadas pelo Criador.
Sou o Poeta ridículo,
Que chora ao ler o que escreve
Quando deveria chorar o leitor.
Sou o Poeta que se esvazia
vendo partir dia a dia
Pai, mãe , irmãos, amigos...
Um amor.
Um oceano de sentimentos
Todos mostram bem o que sou.
Nem todos são serenos,
Pois também já senti ódio
Usei de falso pudor
Sou o que escrevo, sem utilizar de tradutor .
Sou Poeta de saudade da partida
Ferida que não fecha, aumenta...
Não cicatriza.
Sou Poeta do trabalho
Onde meu coração esmigalho
Afim de ganhar o pão.
Onde o ser humano vira bicho
se revestindo de hipocrisia ...
Ignorando o cidadão.
Sou Poeta que sonha
Porque sonhar...
Não é pecado não.
( Telma Soares )
APENAS "HD"
Sou filho do abandono
Tomado ainda pequeno
Aprendi a abandonar também.
Se perguntassem-me " Quem te pariu? "
A resposta seria certeira.
Eu diria " Quem me pariu não sei ".
Da mulher que me pariu fui arrancado
Por muitos lugares fui arrastado
Por alguém que eu pensava
Me querer bem.
De quem fui parido, perdi o rosto
Por uma madrasta peguei gosto
As vezes esquecia o desgosto,
de ter perdido aquele rosto
Que tanto fazia-me bem.
Na escola ainda menino
Conheci a discriminação
Criança na escola tem que ser educada
Criança, não tem opinião.
Na vida, não só algozes encontramos
Encontramos pessoas boas também
Encontrei bondosa Lucia
Compreendia-me tão bem.
Dona Lucia perguntava-me:
- O que queres ser quando crescer menino?
Eu de imediato dizia: Vou ser pedreiro.
Ela sorrindo dizia-me:
- Seja pedreiro, mas seja filosofo também.
De Dona Lucia guardei as palavras
Hoje sou pedreiro, da filosofia sou herdeiro
Fazendo cair por terra as palavras de muitos que diziam...
Esse menino vai ser ninguém.
Hoje, já homem feito
Como nada no mundo é perfeito
Tenho comigo um defeito.
Trago o abandono no peito
Tenho medo " Do Querer Bem "
[Dedicado ao amigo Paulo Reinaldo]
( Telma Soares )
“DEIXEM-ME CHORAR”
Se acaso virem-me chorar
Por favor, deixem-me!
Choro por uma partida, que alterou minha vida
Obrigou-me desviar de caminhos, lugares que adorava passar.
Se acaso eu chorar, quem sabe alguém chore comigo?
Choremos pela humanidade, por um povo alforriado
Sem a liberdade de ir e vir.
Choremos pelas crianças, que, pelos pais são abandonadas,
Pelos mesmos são espancadas, por janelas são atiradas,
Por quem só tinha a obrigação de amar.
Choremos pelos negros, que, por não terem a pele clara
Por um grupo são discriminados, espancados e de forma vil
São assassinados.
Choremos pelos que mendigam, que, por não terem bens, nem voz
Em seus corpos tem fogo ateado...
Poderia ser qualquer um de nós.
Choremos pelos velhos, de pés, mãos, rostos calejados
Com o peso dos anos tem o corpo arriado
Pelos mais jovens são desrespeitados
Esquecendo-se que, para eles, o tempo também irá passar
Choremos pela Somália de mulheres mutiladas, pelo Haiti,
Pela miséria desumana, por guerras insanas...
Choremos por eles, por nós e pelos que hão de vir.
(Telma Soares)
"CHEGANDO E PARTINDO"
Em algo tenho posto reparo
Alguns viajantes, partem próximos a sua chegada
ou, da chegada de um querer bem
As vezes em data especial,
Para que não sejam esquecidos, por alguns dos seus
A chegada é sempre festiva
Devia ser a viagem também
Já que cumpriu seu caminho
Bastava um...Vá com Deus e Amém.
Viajam moços e velhos
Mal chegaram os pequeninos
Em seguida embarcam novamente no trem
A chegada é muito aguardada
No embarque, raramente tem alguém
Somente se for destino
No mesmo vagão embarcar um ente querido,
um amigo que queremos bem.
Embora sejam muitos, a viagem é solitária
Fazendo novas paradas, alguns vão descendo
Outros vão embarcando, no mesmo trem
Cada chegada é partida
Cada partida é chegada de alguém.
( Telma Soares )
"A UM AMIGO"
Percebo que tens adiado
Algo lá atrás planejado
Talvez por falta de tempo
Por não estares preparado
Porém eu, como sua amiga
Não que, queira invadir sua vida
Lhe digo...
Vá visitar o seu pai!
Antes que o tempo
Não lhe de tempo
Pois que, a seu tempo
O tempo de seu pai
Tenha se esgotado.
Somos seres imperfeitos
Cometemos erros, enganos
E, antes que, se acabe o tempo
Precisamos ser perdoados.
Pois, por erros aqui cometidos padecemos
Pelo orgulho somos acometidos
Sofremos toda uma vida
sem pedirmos ou darmos o perdão.
Não que eu seja, em tudo correta,
Nem que tenha vocação para profeta
Mas, por falta de tempo
Por não se darem o tempo
Já vi o tempo, apartar dois irmãos.
Por isso amigo, lhe digo
Vá visitar o seu pai!
(Telma Soares)
"LAMENTO"
Vede, quão injusto o teu penar,
da criança ainda pequena, sequer viste o olhar,
na mão não seguraste, para amparar o caminhar.
Não ouviste o choro, de sono, de fome, de dor...
Quão injusto é teu penar.
Se o tempo pudesse voltar...
Deixarias teu orgulho, na vida daria um mergulho,
ousaria a criança afagar.
A criança cresceu forte
de corpo, de mente, de sorte,
Em seu berço não faltou amor
Aos pequenos pouco basta,
as mãos alisando a face,
o toque nos cabelos,
Tua presença bastaria, para faze-lo seguro.
Quão triste é teu penar, de não poder desfrutar
dos frutos de teu filho,
hoje já homem maduro.
Encontrando-se em teu leito de sorte
Entregue a própria morte
Lamento eu, tua dor.
( Telma Soares )
"REFAZENDO AS MALAS"
Hoje refaço as malas.
Na vinda era apenas uma
Uns poucos objetos
Somente o necessário.
Em minha partida levo duas
Parte da bagagem levo nas mãos
A outra, levo no peito,
Pois tenho um grande defeito,
Por onde passo saudade levo comigo.
Foram poucos os dias,
Porém, com tanta alegria,
Que, em poucas linhas
Dimensionar não consigo.
Na chegada, primos me acolhiam
Comigo chegava tia, que, em minha casa
Passou uma estadia.
Tive a honra de conhecer Paulo
Homem de muitos valores,
Mil histórias, de vida, de amores,
Dos lugares, por onde passou.
Aproveitamos para um passeio
Fomos ao Marco Zero
Visitamos a Torre de Brennand
Dançamos no meio da praça
Atrás dos blocos carnavalescos fomos nós
Pensar na hora da partida, em mim, já causava nó.
Eu, que, nesta terra pensava não voltar mais
Eis-me novamente despedindo-me de Recife
Este lugar, que amo demais.
Em cada chegada, uma alegria
Em cada partida, a mesma saudade.
Não demoro
Ao meu Deus oro
Breve retornarei.
[Aos meus de Recife]
(Telma Soares)
"PAIXÃO"
Não escandalizem-se, com minha loucura
Da paixão vivo a procura
Insano quem opta, por viver só.
Vive amargando sofrimento
Faz de outras vidas um tormento
Buscando amor, por caridade.
Tem por companheiro o egoismo
Mergulhado em devaneios.
Busco o que julgam absurdo,
O que te cala, deixa surdo,
Te deixa cego, sem noção,
O que te faz tremer as pernas,
Sentir dor no estomago,
No corpo correr arrepios,
Disparar o coração.
Há quem julgue insanidade.
Oras! Falemos a verdade
Quem nunca, desejou uma paixão?
(Telma Soares)
"IDAS E VINDAS"
Quantos abraços cabem em um abraço?
Quantos beijos em uma boca vai?
Em tão pouco tempo, muito se faz.
Guardamos amigos
Levamos Histórias
Cultivamos segredos
Ocultamos os "ais"
Buscamos outras vidas,
Que esperam por nós.
Mãos que se entrelaçam
São as mesmas mãos, que,
Se despedem a beira de um cais.
( Telma Soares )
"ALMAS"
Das almas que minha alma encontra
Por tantas minha alma se encanta,
Devo dizer que, são tantas.
Olhos de risos
Olhar de encontro
Almas que, amenizam o pranto
Olhos da alma.
Almas que por mim passam
Deixando no ar o perfume
Levando um pouco das dores
Plantando em meu peito amores
Deixando esquecido o gosto dos dissabores.
Almas que se despedem
Com a certeza de um novo encontro.
( Telma Soares )
"O ENCONTRO"
Pra você enfeitei os cabelos
Usei laço de fita
Quase arrisquei uma flor
Perfumei o meu corpo
Coloquei novo vestido
Aguardei o amor
O dia findou-se
A noite chegou
O laço de fita desfez
O amor não aconteceu
O vestido...
O vestido amarrotou.
(Telma Soares)
"DUETO"
Se me escondes teu sorriso
Ainda o encontro , por algum motivo
Deve ser por conta deste amigo em meu peito
Que com muito respeito, ainda guarda você.
Quem sabe uma hora o esquecimento vem
e leva de minha memória teu rosto,
Leva a lembrança de teus olhos,
Das palavras, das canções cantadas por ti,
e tantas vezes cantadas, por mim também?
Quem sabe?
Quem sabe jaz aqui um dueto?
Que por um bom tempo até foi perfeito
Não fosse o amor intervir,
Pois que, com a chegada do amor
Desfez o dueto, desfez os amantes...
Alguém tinha que partir.
Ficam as memórias, que nem mesmo foram de pele
Onde o amor interfere, não cabe discutir
Cabe seguir adiante
O que fora dueto...
Hoje segue sozinho
Cada qual, seu caminho.
( Telma Soares )
"DESALINHO"
Em desconexas, rasgou-se o verbo
Sem reservas, abriu-se um peito
Levando além do entendimento
Onde grandes sábios
Se absteriam de opinião.
Do ser humano ao animal
Do animal nasceu ternura
Da ternura explosões
Tudo envolvendo uma mistura
Uma mistura de emoções.
Da tempestade à calmaria
Da calmaria , um turbilhão
Turbilhão de sentimentos
Que, dia a dia trava guerra
Guerreia, com a própria razão.
(Telma Soares)
" POEMA PARA ICARUS "
Icarus, Icarus das feiras de Santana
aos domingos caldo de cana acompanhado de pastel.
Icarus que lia Shakespeare, que ouvia Coldplay .
Em qual domingo te perdeste?
Porque este domingo nunca vem?
Icarus, nas manhãs companhia,
Na despedida, leitura pra noite
Uma canção pra ninar.
Será que tão alto voou?
Que como Ícaro, Icarus sonhou?
Icarus que deu principio aos versos
Será que nesta terra andas, ou se desta terra jaz?
Icarus que, por ele, encantou-se a moça
Antes encontrado no abismo,
à beira do precipício
Seu intento fez a moça mudar.
Icarus, que por obra do destino
não percorreu o caminho,
desistiu do menino
O homem tinha que ficar.
Icarus, Icarus das feiras de Santana
De certo que, aos domingos ainda toma
caldo de cana acompanhado de pastel.
( Telma Soares )
"LEMBRANÇAS"
Onde foram parar as borboletinhas amarelas,
branquinhas, que voavam pelos jardins?
Já não tem copos de leite, margaridas, jasmins,
os cravos brancos, as cravinas, as onze horas, que mostravam
as horas pra mim.
Onde estão as tanajuras, os formigões,
que quando mordiam era uma dor sem fim?
Sumiram os vaga-lumes, as mariposas, as abelhas, as joaninhas,
as taturanas coloridas de amarelo e carmim.
Nunca mais ouvi cantar uma cigarra.
Ai que saudade mãe!
Saudade do frango no molho, refogado de repolho,
do suco de limão.
Saudade do peixe no leite de coco, do caldo, fazer pirão.
Do chuchu com abobrinha, do quiabo com jiló.
No domingo macarronada,
de sobremesa gelatina
Era o que havia de melhor.
No fim da tarde as crianças iam pra rua,
Suas mães ficavam no portão,
tricotando com as comadres,
trocando receitas de pão.
Os pais, ouvir jogo no rádio
A noite ver luta livre na televisão.
Relembrando tudo isso
parece ter sido visão.
Que nada meu amigo!
Foram tempos vividos
Que as vezes parece não ter existido
Ledo engano, não foi ilusão.
Hoje já não temos a mesma praça
O mesmo banco
as mesmas flores
Nem mesmo temos jardins.
Não temos crianças brincando nas ruas
Mães observando do portão.
O progresso abriu espaço,
cada dia um novo prédio,
uma nova construção.
( Telma Soares )
"SEMELHANÇAS"
Uma grande poetisa citou " seu sorriso, seu abraço"
Gosto de completar com, " teu olhar e cada traço "
Como ela, sinto falta de algumas pessoas
Mas nesta vida, temos que fazer algumas escolhas.
Eu escolhi seguir em frente
Ser forte, sempre tendo a felicidade em mente,
Algumas pessoas que amamos se vão
Tendo nós, elas apenas em nosso coração.
Sei que vai doer como fogo queimando dentro de nós
Sei que de alguma forma, ainda posso escutar tua voz.
Gosto desta poetisa, por um único motivo
Ela fez de minha vida, uma terra para cultivo
Irei cultivar amor e bondade,
Assim como ela distribui teu sentimento com tanta vontade.
De Mariana Gabriele para Telma Soares
"PALAVRAS AO VENTO"
Prego palavras ao vento
é como dormir ao relento
em noite fria sem cobertor.
Devo estar pregando errado
Mais fácil pregar prego em paredes
Posso enfeitar com um quadro
quem sabe, com um vaso de flor?
Vou definhando com o tempo
Comigo vão meus valores
Não digo que estejam todos corretos
Pois, homem perfeito não há.
Valores que preservam amores
Antes saber cultivar flores
Que se bem cultivadas
A cada nova primavera
Elas tornam voltar.
Não pregarei mais ao vento
Vou preservar o silêncio
Corro menos risco de errar.
( Telma Soares )
"SEM PALAVRAS"
Pensava eu ir primeiro, encontrar com Dona Géu.
Foste tu mais ligeiro, te apressaste em conhecer o céu.
Não se tenha por vencido
Arrume a casa menino!
Logo irei lhe encontrar.
Vou confessar um segredo
Estou com um pouquinho de medo
Não sei qual será meu penar
Bem sei que antes de tudo
Meus erros, aqui terão que ficar.
Não será como ficar de joelhos
Ficar olhando as paredes
Esperando a hora passar
Nem será como as surras levadas
Que depois de alguns momentos
Saiam do pensamento
Logo estava a brincar.
Prepare a casa menino
Sua mana morena só faz chorar
Pois, que outra saudade dessa
Sua nega não irá suportar.
Deixo os meus com a saudade
Tal amargo terão que provar
Assim fechamos um ciclo
Almas cansadas que partem
Abrindo espaço...
Pra nova saudade chegar.
( Telma Soares
"NÃO ACENDA AS VELAS"
Não acenda as velas
Hoje de nada servem
Não iluminam o caminho
Hoje utilizo de outra luz.
Iluminaria minha alma, mais que as velas...
Seu sorriso, seu abraço, um aperto de mão
Uma simples pergunta...
" Como vai meu irmão ? "
As velas de nada servem
Não me aquecem, como você me aqueceria.
Erramos...
Não nos buscamos, quando tempo ainda havia.
Esquecemos por tão pouco...
O muito que nos amamos.
Destravem o peito
Abram as mãos
Caso contrário...
Não acendam as velas.
As velas não me servem de consolação
Consolaria antes, pedir, dar o perdão.
Acendes a chama
Com a mesma facilidade
Com que fechas o coração
Rogo-te...
Não acenda as velas.
( Telma Soares )
" EM ALGUM LUGAR..."
Ah! Conheço esse andar, mesmo sem fazer barulho
Já senti essa presença em algum lugar
O sussurrar é inconfundível,
Mesmo estando no escuro, reconheço esse cheiro
Podes mudar o perfume, mas a essência...
A essência é a mesma.
Muda-se as palavras , os personagens,
Repete-se o protagonista.
Busca em vão confundir-me.
Meus pés já pisaram o seu mesmo chão.
O silêncio é cauteloso, observador,
Não se entrega à enganos,
Embora, o que se sente, seja devorador...
O descompasso, o tremor, o acelerar...
Ah! Conheço essa voz de algum lugar.
( Telma Soares )
"SÓ POR HOJE"
SÓ POR HOJE
QUERO ESQUECER-ME NA CAMA
NÃO QUERO SABER SE CHOVE LA FORA
SE FAZ FRIO, SE FAZ SOL.
SÓ POR HOJE
NÃO QUERO OUVIR MÚSICAS ANTIGAS
BUSCAR MENSAGENS ANTIGAS
NA TELA DE UM COMPUTADOR.
SÓ POR HOJE
NÃO BEBEREI VINHO
OBSERVAREI AS TAÇAS VAZIAS
NÃO TEM RAZÃO BRINDAR SOZINHO.
SÓ POR HOJE
NÃO ESCREVEREI UMA LINHA
DEIXO AS FOLHAS E CANETAS
JOGADAS NA ESCRIVANINHA.
DE QUE SERVEM OS VERSOS
SE TUA HISTÓRIA NÃO RIMA COM A MINHA?
SÓ POR HOJE
NÃO QUERO LEMBRAR O TEU NOME
NEM PENSAR NO QUE ME CONSOME
AMANHÃ FAREI TUDO NOVAMENTE
QUERO ESQUECER TUDO...
SÓ POR HOJE.
( Telma Soares )
"QUE IMPORTA?"
QUE IMPORTA SE NÃO FOI COMO SONHEI?
QUE IMPORTA SE A PELE NÃO TOQUEI?
FUI ALÉM...
ALÉM DOS OLHOS
ALÉM DO SOM
ALÉM DO PALADAR
FUI ALÉM DO QUE CAPAZ SERIA
NAS FANTASIAS , SE VAI ONDE SE QUER IR.
VIAJEI POR LUGARES DESCONHECIDOS
DESVENDEI SEGREDOS,
DESEJOS ESCONDIDOS
NAVEGUEI POR MARES DISTANTES
FUI MAIS ALTO QUE O PÁSSARO GRANDE
DESBRAVEI MEU PRÓPRIO EU.
ENCONTRANDO-ME, ME PERDI
RENDO-ME A TUDO QUE FOI, A TUDO QUE FUI
RENDO-ME A FALTA DE TUDO
RENDO-ME A FALTA DE TODO VOCÊ, DE TODO EU.
RENDO-ME A AUSÊNCIA DO RISO LARGO
RENDO-ME A AUSÊNCIA DO OLHAR BRILHANTE
DO AFAGAR TÃO DIFERENTE
RENDO-ME AO AMOR QUE É LATENTE.
( Telma Soares )
"SENTIMENTO"
Deixo as portas sem trancas,
Para que venhas como suspeito,
Que, encontrando-me em meu leito
Sussurre uma palavra só.
Palavra que em todo universo,
Somente nesta terra nossa,
Sabemos da causa e do efeito,
O quanto nos causa nó.
É de causar nó no peito,
Apertar de fazer dó,
É de fazer nó na garganta,
Causar amargo na boca, amargo feito jiló.
É feito planta orvalhada
Deixa vista turvada,
De tanto marejar.
Mas, se por ventura não vieres
Por opção não disseres o que me reduz a pó.
Deixo contigo o lamento,
Carregado de sentimento
Desta palavra sem dó.
(Telma Soares)
"CHEIRO DE SAUDADE."
Saudade tem cheiro de coisa boa.
Tem cheiro de comida caseira,
Do perfume da menina de sorriso brejeiro.
Da mistura do perfume da flor.
Saudade tem cheiro do ralhar de painho,
Do acalanto de mainha, o afagar com carinho,
Do cantarolar bem baixinho, até a gente adormecer.
Saudade tem cheiro de café coado na hora,
Do sol a pino lá fora, tem cheiro de vontade,
De correr pelos matos, tomar banho no rio,
Soltar pipa no campo, descer a rua no carrinho de rolimã,
Andar de patinete de madeira,
brincar de pic esconde na rua, a tarde inteira
Saudades de brincar com irmão.
Saudade não é coisa pouca,
É de dar água na boca, de tomar suco
De limão rosado, comer frango guisado,
Amassar pirão com a mão.
Saudade é coisa boa,
Que ao sentir dá tremedeira,
No coração disparadeira,
Eita saudade matadeira!
Dos tempos bons, que não voltam mais.
( Telma Soares )
" O Rio "
Andava eu, as margens daquele rio
Ora molhava os pés, ora banhava o rosto
Sentindo o frescor, das águas daquele rio.
Não ousei nadar no rio
Tantas vezes imaginei-me nele mergulhar
Deixar as águas daquele rio, me inundar.
Quanto mais perto eu chegava
Para cada vez mais longe
Parecia o rio se afastar.
Descansei observando, namorando,
as águas daquele rio.
Quanto mais o sol se erguia, mais brilho,
parecia lhe dar.
Com tanto medo e desejo
Tantas vezes tive delírios
Afogando-me naquele rio
Sufocando-me, perdendo o ar.
Segue seu fluxo rio.
Eu? Continuo as margens de ti.
Pois que, tuas águas, tem calma e elegância.
Sigo as margens, te admirando,
de um hipnotismo sem fim.
( Telma Soares )
" Viver é Poesia "
Dizem que o que escrevo é poesia...
Será?
Poesia é observar a chuva caindo, e observando
Ela te remeter ao passado, e com as lembranças
você chorar.
É ver as arvores que se movem com o vento
É abrir a janela, sentir o sol, ver a rua
Ouvir cachorros ao longe latindo
É respirar o ar.
Poesia é ver crianças brincando na rua
Sem ter com o que se preocupar,
Ver elas pronunciando as primeiras palavras
dançarem desengonçadas, caírem na gargalhada
Nem ai, se alguém vai criticar.
Poesia é ver filhos crescendo, tropeçando, se reerguendo
Ver seus pais envelhecendo, pés, mãos, mente enfraquecendo
Perceber que com o tempo, até de você vão se esquecendo
Já não saberem por qual nome te chamar, é ver eles perdidos
no próprio olhar.
Poesia é viver cada instante
Saber que há perdas e ganhos
É viver um dia de cada vez
Sem saber, se o amanhã haverá.
(Telma Soares)
“MIL VEZES”
Mil vezes te beijei.
Mil vezes te beijei em público,
Em uma cafeteria, de um aeroporto,
Sentados, em um banco no meio da praça,
Dentro do carro, em um estacionamento qualquer.
Mil vezes, beijei tua boca, nos amando, em um quarto de hotel.
Mil vezes toquei teu rosto,
Com os dedos, desenhei tua sobrancelha,
Contornei o formato dos teus lábios.
Mil vezes inalei teu cheiro,
Inspirei, e só respirei, para não desfalecer.
Mil vezes teu suor se misturou ao meu,
Penetrando os poros.
Mil vezes entrelacei meus dedos aos teus.
Mil vezes fechei os olhos e, deitei meu rosto na palma de tua mão.
Perdi a conta de, quantas mil vezes
Sonhei o mesmo sonho.
( Telma Soares )
"PORQUE?"
Porque devo eu, me esmerar tanto na escrita
Se, mesmo escrevendo correto,
Nem sempre, a todos me faço entender?
Eu que nem poeta sou,
Pois, não estudei trovas, versos ou rimas,
Mas devo confessar,
Fico sorrindo, quando a frase termino.
Gosto de rimar amor, com dor, horror, pudor,
Ou melhor, gosto de rimar com, a falta de pudor.
Pudor exige elegância.
Elegância no andar, no falar, no se trajar, no pegar no talher.
Que droga, tenho que me comportar!
Hum!
Gosto da falta de pudor.
Posso escancarar.
Até palavrão posso falar!
Pra que tanto pudor?
Fingir fineza , falsas gentilezas , sorrir forçado,
Usar de falsas diplomacias,
Dar um show de hipocrisia?
Melhor ser leiga.
Meus avós, que , nada escreviam
Tanto ensinavam, tanto mais sabiam,
Por estudo tinham a vida.
Porque devo eu, me esmerar tanto na escrita,
Se hoje, onde simples poetas jaz,
Bem antes, grandes poetas também
Já jaziam?
( Telma Soares )
"CONFESSO"
Sou ré - confesso, pois, por amor, pequei.
Pequei quando não medi consequências,
quando não medi distancia, quando não medi condição.
Pequei, ao deixar para trás meus valores,
Por me despir de pudores.....
Ao amor me entreguei.
Confesso, eu pequei.
Assim, como o rio deságua no mar,
Quando já não tem como saber, onde termina um,
e começa outro....me perdi.
Me perdi de amor.
Por não saber nadar, me afoguei...
O amor é assim...imprevisível
Vem sem avisar
Quando encontra portas abertas, se instala.
É como semente lançada em terra fértil.
Germina, cria raízes, fecunda,
e ali, algo passa a existir.
Eu confesso, por te amar eu pequei.
( Telma Soares )
"Vivências"
Chegaram....
Chegaram qual bando de passarinhos
Inquietos, no sorriso, faltava um dentinho.
Ansiosos, lápis nas mãos
A espera da primeira lição.
Primeira lição ta na cara, ta no olhar, ta na fala,
que invade toda sala, cheia de emoção,
vinda do coração.
Desenhamos um mar imenso,
nele colocamos navios e jangadas
fomos marinheiros, fomos jangadeiros.
Cantamos...
Cantamos o alfabeto
Cantamos a amizade
Cantamos o amor
Cantamos a saudade
Fomos cantores.
Escrevemos...
Escrevemos poemas, aventuras, romances,
Fomos escritores.
Construímos um teatro
Fomos atores.
Construímos um grande castelo
Onde as letras eram fadas.
Havia um imenso portão
Onde o Henrique, era guardião.
E fomos reis, fomos rainhas,
Fomos príncipes, fomos princesas,
Fomos bruxas,
fomos duendes.
Palitos, tampinhas, canequinhas,
espalhamos pelo chão.
Aprendemos adição, subtração,
Multiplicação e divisão.
Negociamos...
Fomos compradores, vendedores,
ganhadores e perdedores.
Houve competição,
Houve perdedor e campeão.
Construímos um circo
Fomos mágicos, fomos palhaços
Fomos equilibristas, malabaristas,
dançarinas e bailarinas.
Se foram...
Foram levando um tesouro,
Que ninguém pode roubar,
e vale mais do que ouro.
Deixaram...
Deixaram um baú cheio de bilhetinhos,
recadinhos e desenhinhos
Repletos de carinhos.
A sala ficou em silêncio,
Fechei as vidraças, cerrei as cortinas,
Nem precisei disfarçar,
A lagrima do meu olhar.
[ Presente de Magal para Telma Soares ]
Margarida de Abreu
“BONS TEMPOS”
Empreste sua voz ao poeta
Deixe-o contar sua história,
Que de sua memória
O tempo insiste, em apagar.
Deixe-o falar de sua infância
Ah! Foram tantas peraltices de criança,
Quantas vezes para não apanhar teve que se esconder?
Subias em arvores, para frutos roubar.
Pulavas o quintal do vizinho,
Com o estilingue derrubavas os passarinhos,
Só para vê-los morrer.
Eita menino danado!
Na escola matava aula um bocado,
Com os amigos no rio ia nadar, de aula mesmo,
Não queria nem ouvir falar.
E aqueles bailinhos na vizinhança?
Agora já nem tanto criança,
de olho na menina de trança,
pensando em tira-la pra dança,
com medo de ela perceber.
Enfim uma música lenta,
É ela que se apresenta,
E faz sua perna tremer.
Hum! Aquela música na vitrola
O mundo podia parar La fora
Você não iria nem perceber.
Ah! Se ela te der bola
Vai esquecer até do futebol
Vai querer é trocar muitos beijos
Na praça, andar de mãos dadas
Pra donzela fazer gracejos
Até se empenhar na escola.
Bons tempos de outrora!
Em que matar aulas na escola,
Era só para jogar bola, brincar, namorar,
correr para o rio nadar.
Tempos em que, flertar, namorar, cortejar,
Era puro encantamento, do namoro ao noivado,
Até chegar o pedido de casamento.
Tempos de juras feitas,
Promessas, de para sempre amar,
Até a velhice chegar.
Não falemos dos tempos de agora.
Guardemos em nossa memória,
Os bons tempos de outrora,
Que o tempo insiste em querer apagar.
(Telma Soares)
“DESPEDIDA”
Morro onde fiz minha história.
Foram tantos amigos, que por mim passaram.
Hoje, aqui já não estão.
Fiz daqui minha casa, onde, tantas vezes compartilhamos o pão.
Fizemos festas, dançamos juntos,
Vivíamos em plena união.
Claro que houve desavenças, mas houve também o perdão.
Não seria justo esta grande família,
Levar consigo mágoas no coração.
Precisei de todos eles, do encarregado, ao que limpava o chão
Afinal ser chefe sozinho, não conseguiria comandar tudo não.
Cometi erros, acertos também, mas tenham todos a certeza
Dentro em mim, é só querer bem
Hoje em final de carreira, peço licença a todos vocês.
Preciso descansar meu corpo.
O descanso da alma logo vem.
A todos meu muito obrigado
Amei todos vocês um bocado
Sei que me amaram também.
(Dedicado a Profª Maria Carmem de Paula Freitas) In Memoriam
(Telma Soares)
" Tempos Contrários "
Em que momento se perderam os valores?
O que leva dentro do próprio lar existir tantos temores?
É pai agredindo filho, é filho agredindo pai,
é mãe pedindo socorro, sem saber para onde vai.
Crianças sendo abusadas,
esposas sendo espancadas.
Fora de casa a sociedade sendo explorada,
pela mesma sociedade que, para defender, se diz preparada.
Vitimados buscando justiça, onde os injustiçados viram ladrões
Ladrões, assassinos alegando inocência,
Onde juízes assinam as petições.
Nos palanques demagogia, arrotam filosofia,
buscam enganar o cidadão.
Sabendo-se que, educação, saúde e moradia,
para os que nada tem, se torna utopia,
para os que usufruem é mordomia.
É o mundo do homem,
se tornando mundo cão.
( Telma Soares )
“A Partida”
Nego-lhe assistir minha partida.
Nego-lhe se apiedar, de chorar por mim.
Nego-lhe o último canto,
Este terá que cantar sozinho,
bem baixinho e, dedicá-lo a mim.
Nego-lhe ver meus olhos perderem o brilho, a pele o viço,
o corpo a vida.
Nego-lhe o último beijo, este, terá amargo sabor.
Permito-lhe, que guarde da chuva a pronuncia,
Pois neste dia estará “chovendo.”
Permito-lhe guardar os dias ensolarados,
os risos, os cantos, por vezes tão mal cantados por nós,
Já levemente embriagados
enamorados, com as taças de vinho.
“Cante uma canção bonita, falando da vida em ré maior.”
Cante...Não perca você o brilho.
Cante algo que fale dos olhos, de diferente corte,
que, por tantas vezes afirmou.
Cante sobre a paixão desenfreada
Da mulher compromissada
Do amor querendo tudo
Que por muito tempo lhe assustou.
Deixe que por fim eu coloque em sua boca,
Palavras que, jamais pronunciou.
(Telma Soares)
"Quero Respeito"
Respeitem minhas rugas
foi com o passar dos anos, que as conquistei.
Cada traço marcado tem sua história.
Traços deixados pelo próprio tempo,
outras adquiridas pela insônia,
por noites aguardando o regresso de um filho,
e não poder, não conseguir dormir.
Rugas ganhas de gargalhadas, de o nariz chegar franzir.
Rugas de lágrimas derramadas, de alegria, de tristeza,
por ver um ente querido partir.
Respeitem minhas cicatrizes, algumas ganhei em quedas,
onde tive que aprender me reerguer, outras, por pedras atiradas,
por alguém que pensava ser duro na queda, que jamais iria cair.
Respeitem minhas mãos calejadas, precisei trabalhar.
Carreguei sacos de lixo, servi café, limpei e embalei filho alheio,
varri casa, chão esfreguei.
Rugas, cicatrizes e calos falam por si...
Nem mesmo com o passar do tempo me acomodei.
( Telma Soares )
"SÃO TANTAS AS MARIAS!"
Quem nunca teve uma Maria na vida?
Maria tia, irmã Maria, Maria avó, Maria madrasta
uma mãe chamada Maria?
Todas as Marias, assim como a mãe de Jesus Cristo
consagradas por Nosso Senhor.
Mesmo as mulheres que não são Marias,
já nasceram com o fardo, de sentirem a dor do parto
doar seu seio, alimentar com amor.
Eu que não sou Maria,mas de uma fui parida
De criança dei alegrias, na mocidade abri feridas.
Somente ao dar a luz, conheci o real sentido da vida.
Sejam ou não, as mulheres Marias,
todas já nasceram incumbidas, de cuidar de um ser vivo
sejam de suas entranhas ou, por elas escolhidas.
Uma criança, um idoso ou mesmo, de pessoas desconhecidas.
Nos orfanatos, nos asilos, nos hospitais, nos abrigos
Sempre haverá uma Maria, para levar conforto e aliviar os conflitos.
Benditas são todas as Marias
Todas choram, por um Jesus Cristo.
( Telma Soares )
“ MARIA ”
Por volta dos meus sete anos, conheci a poesia
Através das mãos de Maria, dada a ela por Gabriel
Irmão de Margarida, por Maria, chamada “Magal”
Eram amigas / irmãs companheiras sem igual.
Assim iniciava a poesia:
“Alma gêmea de minha alma“
Alma gêmea de minha alma era Maria, era também de Magal.
“Flor e luz de minha vida, sublime estrela caída das belezas da amplidão”
Foram tantas flores trocadas, por Magal e por Maria
Eu muitas vezes também as trocava
Tanta outras vezes as recebia.
Maria dos olhos verdes, cabelos negros, pele rosada
Iluminava minha vida, cada vez que meu rosto beijava.
“Quando eu errava no mundo, triste e só no meu caminho,
Chegaste devagarinho, e me encheste o coração”.
Maria por muito tempo foi meu berço, caminho reto, foi meu chão.
Maria um dia uma arte aprontou.
Ah! Maria, porque esta arte tu me fizeste?
Deixando-me sem caminho, deixando-me sem chão?
Hoje escrevo minhas poesias.
Maria já não as pode ler
Dentro em mim, Maria deixou saudade.
A ausência de Maria fez Magal entristecer.
Posso dizer-te uma coisa Maria?
Tive sorte, que prazer foi lhe conhecer!
Agradeço, por teres sido minha mãe
Não fiz tanto, por te merecer.
[Dedicada a minha amada mãe ]
(Telma Soares)
"FLOR MULHER"
Rega-me
Rega-me , Para que eu não venha perder o viço
para que, os que me olharem percebam o seu cuidado
sua atenção.
Da-me a luz do sol pela manhá
assim aquecerá minha raiz
me fortalecerá.
Da-me a sombra da tarde,
para que o brilho permaneça em mim
deixe que o orvalho da noite
mantenha meu frescor.
Cuida-me!
Assim como desejas que cuidem de ti
não permitas que, os espinhos,
os fungos. o sol em demasia,
a terra encharcada, a noite fria
façam com que eu venha perecer.
Rega-me!
Sou rosa flor
Sou flor mulher
Cuida-me...
(Telma Soares)
“REFÉM”
A saudade tem nome
Tem endereço também
Sobrenome... Ausência
Onde mora?
Alameda solidão.
Quem sabe eu te guarde...
Coloque em uma gaveta qualquer
Quando o aperto bater, vá eu a saudade viver.
Na ausência, tropeço a todo instante.
Que se faz presente e é constante
Não consigo eu entender.
Na solidão mil vezes fui
Tal endereço, meu coração conhece bem
Lá... já me vi abandonada
Da ausência já fui refém
Saudade! Por mim, peça resgate
Pago com amor, com querer bem.
(Telma Soares)
"HOJE"
Hoje queria abraçar meus amigos
Pedir perdão aos que magoei
Não sei quanto tempo ainda terei por aqui
Não quero deixar magoas para trás.
Hoje queria beijar meu irmão
dizer que, apesar das duras palavras
das farpas trocadas, ainda assim, o amo.
Hoje queria andar de mãos dadas com meu filho
Fazer de conta, que ele ainda é criança,
que ainda precisa de proteção.
Queria vestir minha filha de noiva
Ver seus olhos brilhando, de medo e de paixão
Dizer para ela , que a amo tanto
Não importa a situação.
Observar meu neto brincando
No rosto sorriso de anjo
sem a maldade dos homens nos olhos,
que todos os dias sem perceberem...
Matam o amor.
( Telma Soares )
" RIMANDO "
Não quero me preocupar, com trovas e rimas,
ou ter que numerar versificações.
Quero apenas contar minha história
Dizer o que vivi de emoções.
Deixo o estudo dos versos
Aos que são entendidos por lei,
Pois disso meu caro amigo
Sinceramente?
Eu nada sei.
Sei que vivi um amor,
ou vários amores talvez...
Não importa o quanto fui amada
O que importa realmente?
foi o quanto eu amei.
Para amar não preciso entender de rimas
Preciso ter um coração,mante-lo sempre aberto
Para não deixar escapar...
seja, qualquer outra nova emoção.
(Telma Soares)
" Quero ser água."
Quero ser água,
que de gota em gota,
enche o copo
e que a sede sacia,
que de gota em gota,
se torna rio,
de gota em gota,
forma um mar.
Quero ser água,
nós olhos da chegada de um amigo
ser água, ao ter que me despedir também.
Quero ter o sabor da água,
que no meio de um dia exageradamente quente,
ao me ingerirem exclamam...
Que delicia!
Quero ser água da chuva,
que quando cai nas copas das arvores
" estas " festejam de alegria.
Ser água que lava a terra,
que a semente brota,
que o fruto nasce,
e que na mesa do homem
mata a fome.
Quero ser água,
água que sacia, que acolhe
água que se despede.
Água que se faz pequena,
se torna gigante,
levando consigo tudo...
tudo que puder arrastar
Quero ser água nos olhos da mãe,
onde no coração filho faz morada,
abre feridas, e ela incansavelmente
Não deixa de amar.
( Telma Soares )
"TE AMO"
Te amo.
Que tanto?
sem tanto..
Não te amo este tanto
ou tanto assim...
Simplesmente amo
amor não tem como medir.
Te amo sem compromisso,
e, com todo compromisso que há.
Te amo sem cobrar nada
ao mesmo tempo, quero tudo que puderme dar.
Te amo sem espera
Te amo desesperadamente.
Te amo calma
Ah! ansiedade que me dilacera.
Te amo em silêncio
por dentro minha alma grita
so sei te amar...
( Telma Soares )
" QUERO AMAR "
Quero amar, como amam as araras,
que se deliciam em carinhos por entre suas penugens.
Quero amar, como ama o Bem te vi,
que amanhece cantando...
enaltecendo a cada novo dia.
Amar como as borboletas,
que festejam a primavera
polinizando aqui e ali .
Quero amar, como amam as baleias,
que depois de perderem seu par,
Seguem, seguem sós...
Quero amar, como ama o beija flor
buscando em cada jardim um néctar diferente
levando consigo sempre um novo perfume.
Quero amar, como amam os adolescentes
desesperadamente, acreditando que irão amar
uma única vez.
Ledo engano.
Quero amar...
Amar infinitamente
Infinitamente este dia
Infinitamente o agora
Quero amar...
( Telma Soares )
"APRENDER"
Preciso aprender a andar
Andar sem pressa, com calma
Sem passos largos, andar devagar.
Preciso aprender a olhar
Ver ao que meus olhos passa desapercebido
Olhar os detalhes, que as vezes parecem insignificantes
Não basta enxergar...
Preciso aprender sentir
Sentir o cheiro da chuva na terra
Sentir no rosto o calor do sol
Sentir o abraço, que agasalha o frio
O toque do aperto das mãos.
Preciso aprender ouvir
O silêncio ensina tanto
Quando me calo aprendo mais.
Preciso aprender a amar
Amar de forma serena
Que não seja de forma desesperadora
Amar como a calada da noite
Que se faz quieta
Que se doa de berço aos amantes
Enquanto pulsam veias
Corpos vibram
Vozes sufocam
E a noite " tudo " e " nada " vê
Preciso aprender com a noite
Quão sábia é esta mulher!!
( Telma Soares )
" A ILHA "
Cada vez que fecho os olhos
Sinto meus lábios tocando os teus
sinto-me invadida por um turbilhão de sensações
sinto o sabor de tua boca , tua saliva misturada a minha
Cada vez que fecho os olhos , sinto tuas mãos tocando
meus seios, sinto meus poros se dilatando,
percorrer um calafrio em minha espinha
um desejo de prende-lo a mim.
Cada vez que fecho os olhos , sinto tuas mãos passeando em meu corpo,
tremo, tremo desejando mais , desejando nos misturarmos de tal forma,
a ponto de sentir vertigem, a ponto de não saber quem sou.
Cada vez que abro os olhos , percebo que sou naufrago...
( Telma Soares )
"MORRER DE AMOR."
Se de amor também se morre
Deixe-me morrer em tua boca que me cala
Em teus braços que me acolhem
Em teus olhos que inundam-me de desejo
E se de amor também se morre
Da-me tuas mãos que acariciam
Que os meus cabelos afagam
Encosta tua pele na minha
Que juntas ardem em chamas
Se de amor também se morre
Demora-te em meu corpo um pouco mais
Acrescenta teus dias aos meus
E se de amor também se morre
Deixe-me morrer em ti.
( Telma Soares )
"SOU"
Sou calmaria e tempestade
Sou o passo apressado
Sou o tempo que chega breve
Sou o sol que queima
Sou aquele que esfria
Sou a neve.
Sou aquele que pulsa
Sou o que impulsiona
Sou a semente na terra
Sou o fruto maduro.
Sou a alma que geme
sozinha no escuro
Sou alma que vibra
Em meu porto seguro.
Sou Coração...
Que sem amor
Nada funciona.
( Telma Soares )
MUDANÇAS
Decidi mudar algumas coisas
Aqueles sapatos baixos...
Já não uso com frequência
Prefiro os de salto alto, me deixam mais elegante
Aquelas correntes fininhas, pequenas, guardei...
Ninguém nem percebia, prefiro as maiores
" Elas " chamam mais atenção, todos veem.
Hoje! Raramente visto o branco
O lilás me cai tão bem.
Aqueles perfumes femininos?
Quero mais não.
Quero usar os masculinos, são forte e marcantes.
Me despi de alguns pudores.
Caramba!!Eu não falava um palavrão
É tão bom, alivia tanto.
De antes?
De antes, mantenho os sentimentos.
Não guardo ressentimentos,
tristezas, nem rancores
Mantenho meus dias leves,
em um sorrindo " Bom dia! "
em um sorrindo " Até breve."
( Telma Soares )
QUE SOM É ESTE?
Ah este som!
Som que me enebria
Som que dilata meus poros
Que minha pele arrepia.
Ah este som!
Som que enche-me de alegria
faz-me sorrir, faz-me chorar
Faz meu dia , minha noite iluminar.
Som que invade os meus ouvidos
Nos acordes do violão faz firulas lari...lara...
Ah este som!
É som que alimenta
Alimenta o meu ser
Que som é este?
Este som é tua voz
"Este som é você ."
( Telma Soares )
SEM VOCÊ.
Sem você, quem eu seria?
Seria o anônimo no canto
Somente apreciando o canto
Dos amigos a tocar.
Sem você não teria graça
Não teria com quem partilhar
Das tristezas, das alegrias
Do meu dia a dia, do meu caminhar.
Não teria a quem dar todos os dias
O meu beijo, uma flor de bom dia
O meu boa noite ao se retirar.
Agradeço a você " Marli "
Mulher graciosa, de alma gigante
No rosto um sorriso constante
É feito menina sapeca
Quando se pega a brincar
Com este teu jeito, menina-moça
Não sabes de tua força sempre a me impulsionar
Contigo torno-me viçosa
Desabrocho feito rosa
Em um jardim , que eu e você plantamos
Somente amizade, carinho e amor.
[Dedicado a minha Amiga-Irmã, Marli]
(Telma Soares)
MEUS VERSOS.
Perdi a conta de meus versos
São tantos perdidos, confesso
Nas folhas de um caderno
Alguns , sem endereço concreto.
Escrevi trovas, poesias
Em poemas falei de amor
Celebrei a amizade
Brindei a felicidade
Em risos encontrei calor.
Em meus versos, falei de saudade
Da constante ansiedade, que insiste
visitar o meu ser.
Já chorei escrevendo
Senti medo...
E se alguém estivesse vendo?
Não saberia explicar.
(Telma Soares)
QUARTA FEIRA
Hoje é quarta feira
Dia de viver a saudade
Saudade de um rosto, um sorriso
De uma voz carregada de emoção
Saudade de um brinde...
Um brinde ao encontro,a amizade
Do desembaraçar dos cabelos
Um brinde aos desejos contidos
Das palavras proibidas
Dos gemidos sucumbidos...
Hoje é quarta feira...
Dia da ansiedade
Da hora marcada
Do banho tomado lento
Mergulhado em pensamentos
Desejando eternizar um momento
Sem pensar no dia seguinte, que vem.
( Telma Soares )
ESTRANHO AMOR
Que amor é esse?
Amor sem toque
Amor sem corpos
Sem o calor
E ainda assim amor
Amor dos olhos
Amor do som
Canções que dão o tom
E ainda assim amor
Amor sem beijo
No coração faz lugarejo
Estranho amor...
(Telma Soares)
QUANDO TE AMEI
Quando te amei, não amei a carne
Esta com o tempo definha
Quando te amei...
Não amei teus olhos
estes nunca me viram
Não amei tuas mãos
Estas nunca me tocaram
Não amei teus lábios
Estes nunca me beijaram
Quando te amei...
Não amei o corpo
Este só minha mente imagina
Quando te amei...
Amei tua alma
Que em tudo...
Tudo predomina.
(Telma Soares)
A PORTA
Abra a porta senhora
Deixe-nos te fazer companhia?
Entre menina faceira de sorriso largo
Que sabe brincar
Venha mulher, coloque juízo nesta pequena
Não a deixe extrapolar.
Adiante mulher amante
Ocupe seu espaço
Se deleite ao regaço
Seu amor já está para chegar.
Fiquem todas à vontade
Mas quando chegar a hora
Quero todas lá fora
Só quando meu amor for embora
Podem todas voltar.
Não quero menina na sala
Sua meiguice não posso violar
Senhora!!! Me permita um adendo
Saia com a mulher um momento
Deixe somente a amante ficar.
( Telma Soares )
SAUDADE!!!
Chego a pensar , que a saudade mata.
É feito adaga que vara o peito
Punhal que fura, que faz sangrar
cabeça dói, faz marejar os olhos
A boca faz amargar.
Que trem é esse, que estomago faz doer?
Parece fome sem saciar...
É tanta sede!!!
Sede de amar...
Quem inventou saudade
Sabia bem o que sentia
Mudou o nome para saudade
Para seu bem querer não revelar.
Quero contigo viver a saudade
Saudade não quero matar
Pois se mato esta saudade
Corro o risco de você não mais voltar.
(Telma Soares)
RENDO-ME
Rendo-me aos teus , aos meus desejos.
Toca meu peito, com tuas mãos firmes.
Afaga meu cabelo, com dedos leves
Beija meus lábios, com teus lábios ávidos.
Busca meu corpo, com teu corpo quente.
Me envolve em teu abraço, que a menina
quer ser mulher.
Murmure em meus ouvidos palavras desconexas,
Mas que façam-me arder.
Toma pra ti meu corpo em chamas.
Com teu gozo me faça sorrir.
Abre-me teus braços,
em um breve suspiro...
Deixa-me dormir.
(Telma Soares)
REVELA-ME!!!
Revele aos quatro ventos quem sou.
Vamos!!! Digas que sou a que te recebe em risos
Que a alegria transborda os olhos.
Que por mais que desejes estar quieto em um canto
Não consegues, vens sempre buscar um acalanto.
Revele que sou sua taça, que tu és meu vinho.
Te reservo, te preservo...
Para no momento certo me embriagar de ti.
Vamos!!! Rasgue teu peito
Revela-me!!!
Ao revelar-me saberão que tu me amas.
(Telma Soares)
AMOR CUIDADOSO
Ah! Esse Amor Cuidadoso
Que é tão generoso
e ofereces a mim.
Transforma o meu dia
me empresta tua alegria
rendendo-se ao clamor.
Reluta em faze-lo
mas és tão grande em teu zelo
Cultiva o amor.
Dia após dia regando
sempre um pouquinho
mantendo a amizade o carinho
para não se perder.
És grande em sabedoria,
e tão menino em teu ser
Se impõe é verdade,
Mas com toda simplicidade
satisfaz meu querer.
(Telma Soares)
QUALQUER AMANHÃ
Qualquer amanhã
irei te ouvir...
Qualquer amanhã
cantarei uma canção aos seus ouvidos.
Qualquer amanhã passarei por ai.
Não vou esperar anoitecer.
Chegarei com a aurora
Faremos da hora, o agora
Faremos amor em...
Qualquer amanhã.
A ti dar-te-ei meus beijos
Vou saciar os meus, os seus desejos
Espere...
Qualquer amanhã.
(Telma Soares)
UM BOM VINHO
Um bom vinho
não se bebe em bando
se bebe em um canto.
Em um canto da sala
em um canto sozinho
em um canto do quarto
ouvindo um canto
um canto baixinho.
Um bom vinho
se bebe a outrora
se espera a aurora
o sol, já vizinho.
Um bom vinho
se bebe cantando
com "ele" se encanta.
E, porque não dizer que...
com um bom vinho, se canta o amor
querendo assim, ficar bem juntinho?
Um bom vinho
se bebe a dois
tornando-se um só
transbordando a taça
cada qual, com o seu " Melhor Vinho."
(Telma Soares)